Pitões das Júnias acorda devagar, como sempre, igual a todas as manhãs rogadas para aquele território soprado pelo vento galego. Não há pressa naquela aldeia onde o tempo tem o tempo que o tempo tem. O nevoeiro da véspera deixou em paz o silêncio e o verde da paisagem, acarinhado pelas suas gentes em inclinados polígonos confusos, ficou livre para o sol se estender.Aquela serra é uma planície imperfeita com perfeitos altos e baixos conservados por preciosos cursos de cristalina água. Um campo de pedras verdes cinza, árvores e robustos arbustos, um “gerês” para beber em suaves tragos.Naquela manhã o silêncio é rasgado por estranhas gentes, vindas de um longe de origem desconhecida, que os cães da aldeia já se habituaram a ignorar no exercício da sua função guardar.
Já alto o sol desvenda, com nítido entusiasmo, a fraga de S. João e a capela erigida em sua honra, ponto de encontro a conquistar por aquela ruidosa e forasteira gente disposta a imitar a procissão cumprida todos os anos pelo povo sábio que também sabe honrar quem o protege.Há um rio em granito, calçada de ondas leves, que desce da aldeia até onde a fraga começa e nos leva até subir.Há rios verdadeiros que estorvam caminhos e sugerem pontes construídas com engenho chamado vontade.As mariolas separam cada metro dos últimos mil de uma altitude que aperfeiçoa o ar e anima a atitude.
O branco sereno da firme capela é uma cereja sobre a fraga doce como é doce o sabor a chegar saudado por S. João. A paisagem lê-se devagar. A mensagem é um testemunho para guardar e reler de olhos bem fechados em qualquer Avenida ou Praça das nossas irrequietas cidades.A vontade em voltar desculpa o inevitável regresso feito num descer por todos os Santos ajudado.
Álvaro
21 de Junho de 2009
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