Creio que um deslumbrante fascínio transpareceu no espírito de todos, quando o último degrau foi transposto.
O esplendor perante tanta e tão bela imagem foi contagiante. Daquele ponto altaneiro, a aldeia, que para trás ficara, estava diante de nós, parecia estar perto; ao redor, o enorme rochedo envolvia-nos no seu cinza escurecido; ao fundo, o azul da celestial abóbada reflectia-se no espelho aquático da represa.
O quadro era composto por sonoridades díspares de algumas aves não vistas, mas escutadas, com um som em fundo do vento de montanha.
O Chapim, a Toutinegra, o Gaio, o Pisco Ferreiro, o Milhafre, imperial no seu voo, planava em círculos, ora ascendentes, ora descendentes à procura da sua presa.
Não havia pardais!
No grupo, os discursos versavam os mais diversos temas não fugindo, todavia, ao momento que nos era brindado pela grandeza do Natural.
Gravaram-se para memória futura as imagens do momento, não se regateando os melhores enquadramentos.
Montanha abaixo, com os apetites a assomarem estômago acima, a animação e debate das mais diversas matérias foram a melhor companhia no regresso ao local da partida. As dificuldades do percurso foram sucessivamente ultrapassadas; na caravana havia engenheiro e candidato a...,professores, soldadores, indiferenciados e, sobretudo, autodidactas, estes em maior número e já com alguns anos de carreira, todos mais que suficientes para a ultrapassagem e resolução das dificuldades encontradas.
Não havia pardais!
O inebriante colorido, matizado de verdes diversos envolvia-nos. No último alto do percurso, aligeiraram-se as mochilas das réstias das merendas e logo alguns se questionaram como seria o repasto...
Eis-nos chegados à mesa. Nos rostos de todos a alegria e satisfação pela empreitada, a que cada um se propôs, estar concluída.
Sentíamos que a recompensa estava por breves momentos: o tão almejado cabritinho.
O banquete decorreu sem sobressaltos.
De seguida, fomos à descoberta da natureza, quem sabe, da mãe -natureza. Sentimo-la na sua imponência, na sua beleza, na grandiosidade do seu poder, porém ainda haveria um mas!!!!!!
Vovó Mimi, a matriarca do grupo, contagiada pela vida que semeou e pela força do viver dos seus descendentes, pela alegria de a todos reconhecer felicidade naquela hora, eis que resolve dar um valente pontapé nos seus 83 anos e ei-la, qual jovem corça, ladeira abaixo, pé ante pé, a fazer também a sua caminhada do “desmói”.
Demonstrou a todos a sua força e a sua enorme vontade de viver ao lado dos seus.
Olhos nisto, sobretudo para os mais novos. A vida vive-se a cada instante e olhar o passado é tempo perdido.
Tivemos um grande exemplo da força da mente e do querer.
Bem haja, minha Mãe.
Foi um dia memorável e feliz; repita-se por favor.
Pardais é que eu não vi... talvez na próxima!
João (o tio)
21 de Junho de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
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